21/12/2010

Livro denúncia criminalização de defensores dos Direitos Humanos no Maranhão


Projeto “Memórias de Lutas” traz casos emblemáticos de criminalização sofridos por defensores em todo o estado do Maranhão para fomentar a discussão sobre o tema em toda a sociedade

Em um contexto de concentração fundiária e de renda, degradação ambiental, uso de trabalho escravo e desrespeito aos territórios étnicos, a Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos (SMDH) realiza o projeto “Memórias de Luta”, com apoio do Programa de Direito a Terra, Água e Território (DTAT). O projeto conta com a realização do “Seminário sobre Criminalização de Movimentos Sociais e Defensores de Direitos Humanos”, nos dias 10 e 11 de dezembro, e a publicação de um livro que denuncia a criminalização sofrida pelos agentes que lutam pela solução dos problemas citados acima.

O seminário teve como objetivo principal a apresentação do levantamento parcial da pesquisa do Projeto “Memórias de Luta”. Durante o evento foi elaborado a “Carta de Repúdio à Criminalização de Defensores e Entidades de Direitos Humanos no Estado do Maranhão”.

A publicação “Memórias de Luta” será lançada em fevereiro do próximo ano. O livro contém quatro casos emblemáticos de criminalização de defensores que lutam contra a tortura, pela democratização dos meios de comunicação, na defesa do meio ambiente e na luta pelo acesso à terra e aos territórios.

De acordo com Igor Martins Coelho Almeida, assessor jurídico da SMDH, esses quatro casos são analisados de forma profunda no livro, com informações sobre os defensores e como se deu os processos de criminalização. “Contudo, na publicação constam outros casos de criminalização de defensores de direitos humanos, com informações mais superficiais, mas que demonstrarão à sociedade maranhense o alto grau de criminalização sofrido por essas pessoas”, complementa Igor.

O objetivo do projeto é mostrar que pessoas estão sendo criminalizadas e, em alguns casos, punidas por reivindicarem direitos fundamentais, como o acesso à terra. “Por muitas vezes, a grande mídia apenas coloca essas pessoas como baderneiros, invasores. Contar a história de vida e de luta dessas pessoas ajudará a romper com esse preconceito”, explica o assessor jurídico da SMDH.

É muito importante registrar as histórias de lutas dessas pessoas, que apesar de suas histórias serem mais recentes, muito já foi feito e construído por elas na busca da efetivação dos direitos humanos. “A nossa luta é por uma causa nobre, uma causa justa, que é o nosso direito de lutar. Apesar das ameaças e da criminalização, não podemos retroceder”, relata Francisca da Silva, trabalhadora rural da comunidade de Coceira, município de Santa Quitéria (MA), participante do seminário.

Segundo Helciane Araújo, pesquisadora responsável pelo Projeto “Memórias de Luta“, a criminalização apresenta múltiplas facetas: pode se expressar por meio de ações judiciais que visam transformar lideranças sociais em réus; ou por meio da difusão de preconceitos visam prejudicar a imagem dessas lideranças perante a opinião pública. “A pesquisa aponta também os desafios que ainda temos que enfrentar quando se reivindica um Estado democrático de direito“, disse Helciane.

 “O projeto é de grande importância, porque o fato de dar publicidade à criminalização dos defensores de direitos humanos também dá visibilidade e fortalece a nossa luta”, opina Edvaldo Felix da Silva, liderança rural do município de São Benedito do Rio Preto (MA), que participou do seminário.

Na maioria dos casos de violações aos direitos fundamentais estão envolvidas as instituições públicas e as políticas públicas. Como exemplo, a pesquisadora cita o caso de lideranças indígenas que foram processadas pelo Estado por exigirem escolas públicas e de qualidade em suas aldeias; outras são processadas por defenderem o direito à comunicação ou o direito dos povos quilombola. “Dessa forma o Estado vive a sua própria contradição, além de negar o direito, garantido na Constituição, pune aquele que o reivindica”, finaliza Helciane.

A publicação em breve estará disponível na página da SMDH na internet, bem como no sitio de entidades parceiras. O Programa DTAT é composto por 14 entidades brasileiras e mantido pela Agência Holandesa ICCO.

14/12/2010

Portal de direitos humanos difunde recomendações da ONU feitas ao Brasil

Além de facilitar a atuação de operadores dos direitos humanos, nova ferramenta configura-se como importante espaço de difusão do trabalho de monitoramento realizado por organizações brasileiras

Os defensores dos direitos humanos ganharam mais um aliado na busca pelo pleno respeito aos direitos humanos. Trata-se do Portal de Direitos Humanos Internacionais,  uma iniciativa do Programa Direitos Humanos Internacional (DHI), do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop). O portal é fruto do Projeto Monitoramento da Implementação das Recomendações ao Brasil e trata-se de uma etapa importante de um conjunto de ações em advocacy desenvolvidas pelos integrantes do projeto. A implementação das informações foi realizada por meio do Programa Direito a Terra, Água, Território (DTAT), financiado pela Agência Holandesa ICCO. 

A página na internet é uma ferramenta de conteúdo inédito no que concerne aos direitos humanos internacionais. “O portal difunde o texto e a sistematização das recomendações da ONU em direitos humanos feitas ao Brasil a partir de seus órgãos especializados (comitês de tratado, procedimentos especiais e revisão periódica universal) desde 1996. Isso significa, atualmente, 496 recomendações nas mais diferentes temáticas: criança e adolescente, violência contra a mulher, tortura, execuções sumárias, moradia e alimentação adequadas”, explica Luis Emmanuel Barbosa da Cunha, coordenador do Programa DHI.



Além de ser um importante espaço de difusão das recomendações sugeridas pela Organização das Nações Unidas (ONU), o portal é um instrumento que potencializa a atuação de operadores dos direitos humanos, na medida em que reúne tais recomendações em um único canal de comunicação, facilitando assim, o trabalho desenvolvido pelas organizações que se debruçam sobre o tema. “Em 2007, fizemos um levantamento e descobrimos que as recomendações estavam dispersas em vários sites da internet e menos da metade estava traduzida para o português. Isso era um grande empecilho. Então, as organizações têm hoje disponibilizadas as recomendações para uso imediato. Não precisam perder tempo traduzindo, nem gastar com traduções e ainda parte das recomendações já está sistematizada por tema, por órgão executor indicado e por ações sugeridas”, salienta o coordenador do Programa DHI.

O portal também é um relevante banco de dados sobre o tema. Desse modo, além de facilitar o acesso à informação, o conteúdo disponibilizado pelo portal pode ser amplamente utilizado por entidades da sociedade civil, membros de órgãos públicos, jornalistas, defensores dos direitos humanos, pesquisadores e docentes, fazendo com que tais atores sociais encontrem subsídios para suas respectivas atividades. “No campo do ensino e da pesquisa, trata-se de uma ferramenta à qual os alunos podem ser remetidos, com vistas a complementar informações quanto aos sistemas global e regional (interamericano) de direitos humanos”, afirma Jayme Benvenuto Lima Junior, professor de Direito Internacional Público e de Política Internacional e Direitos Humanos da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). 

Vale ressaltar que tal ferramenta também pode ser encarada como um espaço de divulgação do trabalho de monitoramento que vem sendo desenvolvido por organizações brasileiras parceiras do Gajop. “A visibilidade do trabalho das organizações potencializa seus resultados e seus efeitos. Quanto mais qualificado for o trabalho, mais aceito e mais credibilidade terá. As organizações brasileiras atingiram um grau de qualidade nos seus trabalhos como poucas organizações no mundo”, destaca Luis Emmanuel Barbosa da Cunha. 

É importante mencionar que as recomendações sugeridas pela ONU são sugestões de práticas para as autoridades públicas e, em geral, auxiliam no melhor cumprimento dos dispositivos legais dos tratados internacionais de direitos humanos, ou seja, “as recomendações dizem como fazer melhor para efetivar o cumprimento dos tratados internacionais”, explica Luís. As sugestões são destinadas à qualificação ainda maior do controle social do Estado. O acesso ao tipo de conteúdo disponibilizado pelo portal otimiza a capacidade da sociedade civil de exigir atitudes efetivas por parte do poder público, trazendo para o Brasil “uma capacidade muito usada nas relações internacionais: power to embarass, capacidade de constranger, claro, em se tratando de um constrangimento legal e construtivo, portanto, positivo”, conclui o coordenador do programa DHI.
Acesse o porta

Bianca Pyl, assessoria do Programa DTAT

04/12/2010

O desafio das mudanças climáticas para os Guarani

Em oficina realizada pela Comissão Pró-Índio de São Paulo, lideranças do povo Guarani puderam debater o tema e trazer seu conhecimento milenar para somar com a ciência e técnica dos “juruá” para buscar soluções que amenizem as consequências das mudanças no clima. A iniciativa contou com o apoio Fundo Delegado do DTAT.



“Falta reconhecer a sabedoria indígena. A gente sofre. Hoje, estamos lutando para usar nosso conhecimento, para valorizar nossa cultura. Na nossa visão, a gente vê o mundo todo, o visual aberto, todo dia. É isso que falta para peitar o problema. Nhanderu (Deus) criou tudo, juruá (homem branco) trata como se tivesse criado tudo sozinho. Juruá precisa respeitar mais a natureza. Parece que quer criar outro mundo. Os mais velhos [Guarani] sofrem essa dor”. O relato é de Santiago Franco, da terra Anhetenguá, localizada em Porto Alegre, e se refere as mudanças climáticas que seu povo já está sentindo na pele.

Para promover a reflexão do povo Guarani e muni-los de informação para se posicionar e atuar perante as consequências das alterações no clima, a Comissão Pró-Índio de São Paulo (CPI-SP) realizou a oficina “Mudanças climáticas e os direitos territoriais do povo Guarani” que contou com o apoio financeiro do Programa DTAT/ICCO, CAFOD e DKA-Áustria.

O evento ocorreu em novembro e contou com a presença de 19 lideranças Guarani de 12 aldeias de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul.

Apesar de ser uma terminologia nova, o assunto em si (mudanças climáticas) é conhecido do povo Guarani. “O tema dialoga diretamente com a visão de mundo dos Guarani, a sua cosmologia. Durante toda a oficina, principalmente os mais velhos afirmavam a todo o momento que os pajés já os alertavam sobre o que estava para ocorrer. O Toninho, Guarani da Aldeia Boa Esperança, por exemplo, lembrou que sua avó dizia que o mar iria 'crescer' [nível do mar]”, disse Daniela Perutti, antropóloga da CPI-SP.

Um dos exercícios propostos durante as atividades foi o de utilizarem termos da língua Tupi-Guarani para falar sobre expressões utilizadas dentro do tema mudanças climáticas. Assim, foram traduzidos os termos aquecimento global (Haku Vaima), poluição (Tataxinã Vai), gás carbônico (Hatãxi Vai), floresta (Ka’aguy), pecuária (mymba), dentre outros. “Trata-se de um primeiro exercício nesse sentido, tendo em vista que muitas dessas expressões são novas e não estão dadas na língua Tupi-Guarani. O objetivo dessa proposta foi a de incentivá-los a se apropriarem desse universo de terminologias”, explica Carolina Bellinger.

Direito a terra
Não é possível separar o tema mudanças climáticas e a questão da demarcação das terras e territórios das populações tradicionais, essa foi uma das principais conclusões obtidas ao longo da oficina. “Se os indígenas, em especial os Guarani, foram o povo que melhor conseguiu evitar o desmatamento da Mata Atlântica, a demarcação de terras é também uma forma de preservar o bioma e, por consequência, evitar a emissão de carbono por desmatamento e degradação florestal”, disse Carolina Bellinger, advogada da CPI-SP.

Há uma relação entre a bandeira de luta do direito à terra e o enfrentamento das mudanças climáticas. Deixar clara esta relação é o caminho para influenciar o cenário político, fazendo com que o direito a terra e território sejam cumpridos.

“O juruá fica bravo quando perde um pedacinho de terra. Para nós, tekoá (lugar onde é possível realizar o modo de ser Guarani) é um espaço de cultura, de forma de vida, para, através de Nhanderu, ter uma vida protegida. Quando se fala de recuperação se fala de mais vida, tanto para o índio como para o branco. Temos que levar essa discussão para dentro da comunidade. Lá ela é antiga, mas agora o homem branco tem provas, porque o juruá precisa sempre de provas”, disse o líder Guarani Santiago Franco.

Mata Atlântica
Apesar de ser o bioma mais devastado do país, com a perda de 75,88% de sua área original, a Mata Atlântica não costuma ser foco de debates sobre preservação e nem alvo de políticas públicas. Os holofotes estão sempre voltados para a Amazônia. Entre 2002 e 2008, foram desmatados 2 mil e 742 km² de Mata Atlântica, uma média de 457 km² anuais de derrubada de área nativa. Esses dados foram divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente no início de dezembro.

“O foco do debate é a Amazônia, mas isso não significa que a Mata Atlântica não será impactada. Por estarem localizadas, principalmente, em regiões costeiras, as regiões desse bioma sofrerão com a elevação do nível do mar e com isso os Guarani diretamente. Por isso eles [Guarani] tem papel fundamental. Quanto mais se informarem, melhor”, disse Leandra Gonçalves, do Greenpeace que facilitou o debate sobre “mudanças climáticas - vulnerabilidade e adaptação”.

Políticas Públicas
As mudanças climáticas podem ser uma oportunidade para os povos tradicionais ganharem força, já que sempre foram os guardiões da floresta, na opinião de Guarany Osório, mestre em Ciências Jurídico-Ambientais. “Eles são 'chave' nesse processo de preservação. O que eles fazem no cotidiano já é mitigação, já é lutar contra as mudanças climáticas”, disse Guarany que apresentou a palestra sobre a política, o plano e o Fundo Nacional de Mudanças Climáticas.

Na apresentação ficou evidenciado que a questão indígena não é abordada no Fundo Nacional de Mudanças Climáticas. Na opinião de Guarany Osório esse já pode ser um ponto de início para uma atuação mais focada nas políticas públicas. “Se eles (Guarani) estão mais informados podem participar mais ativamente das tomadas de decisões – como participar das reuniões nacionais e internacionais. Acho que essa foi a grande sacada da oficina. Informação é poder. Esses são os primeiros passos trazê-los para a discussão e também vê-los como fonte de informações sobre o tema. Eu aprendi muito com eles”, disse.

Na avaliação de Timóteo Verá, da aldeia Tenondé Porã, de São Paulo ,a  oficina serviu para mostrar como o seu povo pode participar das decisões que afetam suas vidas diretamente. “É importante sabermos o que está acontecendo para poder participarmos. Foi muito bom a iniciativa junto aos Guarani, juntar a parte técnica e cientifica com a nossa cultura. Nós precisamos criar uma aliança em prol do planeta ”, disse.

Bianca Pyl, assessoria do Programa DTAT

21/10/2010

Novo Oficial do Programa DTAT


Oscar Sanchez fala de sua trajetória e das perspectivas para a cooperação com o Brasil
 
O novo oficial do programa Direito a Terra Água e Território (DTAT), Oscar Sánchez Tapia, 41 anos, traz no currículo a experiência de 15 anos dedicados a cooperação internacional no tema do desenvolvimento.

Antropólogo de formação, já assessorou o processo de fortalecimento de diversas instituições indígenas nas suas lutas por terra e território, a exemplo das experiências com Lomerío en La Chiquitanía e Emberá Wounaan.

Nascido na Bolívia, Oscar já trabalhou com organizações indígenas na Bolívia e no Panamá e com a cooperação internacional em SNU (Holandesa) e Heifer (Bolívia). Será responsável no Escritório Regional da ICCO em La Paz, pelo DTAT (Brasil) e pelo Programa Gran Chaco (Argentina, Paraguai e Bolívia), na área temática de Democratização e Construção da Paz.

Essa viagem de Oscar e Lies Kiebom, ex-oficial do programa no escritório ICCO na Holanda, faz parte do repasse das responsabilidades de acompanhamento dos Programas da Região América do Sul para o escritório regional.  Eles estiveram reunidos com 13 organizações brasileiras que executam o Programa DTAT para conhecer suas temáticas prioritárias e os resultados impulsionados com recursos do Programa.

Ainda em fase de transição, Oscar já se sente estimulado para aprofundar a compreensão da realidade brasileira.  Em visita a projetos, disse se impressionar com o trabalho do Movimento Sem Terra (MST). “Pra mim foi muito importante constatar de perto o trabalho que essa gente faz”, declara.

Oscar destaca também a força do trabalho institucional da CESE pela sua capacidade de articulação e discussão política. “Percebo que a CESE tem uma visão integrada da conjuntura e dos problemas. Não se percebe isso em todos os países e organizações”, afirma otimista.

Quando projeta o futuro da cooperação e da relação com o Brasil, Oscar dá uma pausa e com um sorriso esperançoso fala da capacidade econômica brasileira ao apontar o país como próxima potência mundial.  Mas completa: “Sabemos das desigualdades que persistem e da necessidade de avanços na luta por direitos no Brasil e que a cooperação internacional cumpre um papel importante, mas é importante reconhecer que a tendência é de diminuição de investimentos”.

Fonte: CESE

28/09/2010

Candidatos assinam Carta Compromisso dos Quilombolas do Maranhão


Os candidatos ao governo do Estado do Maranhão Marcos Silva (PSTU/MA), Saulo Arcangeli (PSOL/MA) e a representante do candidato Jackson Lago (PDT/MA) assinam carta compromisso dos quilombolas do Maranhão.



A Mesa de Diálogo – Territórios Quilombolas no Maranhão foi realizado nos dias 23 e 24 de setembro de 2010, em São Luís. Participaram do evento 56 lideranças quilombolas de 21 municípios e representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Secretaria Extraordinária de Igualdade Racial, Ministério da Cultura/Fundação Cultural Palmares, Universidade Federal do Maranhão, Coordenação Nacional de Articulação dos Quilombos, além das entidades organizadoras do evento, como CCN, Sociedade Maranhense de Direitos Humanos e Fórum Carajás, com apoio da Associação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Maranhão. Também estiveram presentes lideranças de movimentos sociais e negros do Maranhão, além de candidatos a deputado estaduais, federais, senadores e vice-presidência da República.

No debate com os candidatos ao governo do Estado do Maranhão, participaram da mesa de diálogo: Marcos Silva (PSTU/MA), Saulo Arcangeli (PSOL/MA) e a representante do candidato Jackson Lago (PDT/MA). Foram convidados, mas ficaram ausentes do evento os candidatos Flávio Dino (PCdoB/MA) e Roseana Sarney (PMDB/MA). O candidato Josivaldo Correa (PCB/MA) justificou sua ausência.

Fonte: CCN-MA

24/09/2010

Confira: repercussão na imprensa

Confira a repercussão dos eventos promovidos com o apoio do DTAT para divulgar as demandas das comunidades quilombolas e conseguir o comprometimento dos candidatos no Estado do Maranhão e do Pará.

Diário do Pará
Rede Brasil Atual

Correio da Cidadania

Brasil de Fato

Quilombolas do Pará e Maranhão divulgam carta aos candidatos

Em eventos promovidos com o apoio do Programa DTAT quilombolas do Pará e Maranhão elaboram carta aos candidatos. Leia:
Carta Compromisso com os Quilombolas do Pará

23/09/2010

Comunidades Quilombolas entregam reivindicações para candidatos

Com o objetivo de divulgar as demandas das comunidades quilombolas e conseguir o comprometimento dos candidatos no Estado do Maranhão e do Pará, o Programa Direito a Terra, Água e Território (DTAT) promove simultaneamente eventos em São Luís (MA) e Belém (PA). O programa DTAT articula 14 organizações brasileiras e a entidade holandesa ICCO.
“Queremos reafirmar aos futuros gestores públicos a necessidade de uma política afirmativa para a população Quilombola”, explica José Carlos Galiza, coordenador administrativo da Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará – Malungu, entidade integrante do DTAT responsável pela organização do evento em Belém (PA).

“O evento terá a capacidade de ampliar o diálogo entre lideranças Quilombolas e candidatos, na perspectiva de sensibilizar os mesmos sobre a importância dessas comunidades para o Brasil”, explica Maurício Matos Paixão, coordenador geral do Centro de Cultura Negra (CCN), organização responsável pelo evento em São Luís (MA).

Os eventos debaterão as principais questões envolvendo os direitos das comunidades quilombolas, com destaque para a regularização fundiária de seus territórios. Após as reflexões, os Quilombolas de ambos os Estados entregarão reivindicações aos candidatos. No caso do Pará, será constituída a “Carta Compromisso com os Quilombolas do Pará”. O documento será entregue aos candidatos ao governo do Estado, Senado e candidatos a Deputado Federal e Estadual no último dia do seminário. “Esperamos que os candidatos se sensibilizem e assinem a carta, se comprometendo com a causa quilombola”, diz José Carlos.

Em São Luís (MA), os candidatos ao governo do Estado receberão um documento com as principais demandas dos Quilombolas do Estado. “Há uma grande expectativa dos Quilombolas pela titulação dos seus territórios seculares, a seguridade da terra tem um valor imenso e afirma a identidade desse povo. As comunidades são conscientes do seu direito de posse”, opina Maurício.



Confira a programação dos eventos

09/09/2010

Inaugurado o Escritório Regional da ICCO para América do Sul

Em final de agosto foi inaugurado o Escritório Regional para a América do Sul da ICCO em La Paz. A Gerente Regional é a Sra. Conny Toornstra.
O Conselho Regional para a América do Sul formado por 14 integrantes também já foi instalado e participou da recente elaboração do novo plano estratégico para a Aliança ICCO. Os integrantes do Brasil no conselho são:
  • Dom Mauricio Andrade da Diocese da Igreja Anglicana (BSB)
  • Gabriela Barbosa Batista coordenadora da Juventude Terrazul, da Associação Alternativa Terrazul.
  • Ladislau Dowbor, professor no departamento de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, nas áreas de economia e administração.
ICCO  - Escritório Regional na América do Sul
Av. Fuerza Naval, nº 1238, La Paz - Bolivia
Telef: +591 (2) 2773877

08/09/2010

Conseqüências da crise do clima para as populações tradicionais


Entre os dias 25,26 e 27 de agosto, o Terramar realizou em parceria com as instituições do nordeste que pertencem ao Programa Direito à Terra, Água e Território da Aliança Icco, uma oficina de formação e partilha sobre justiça climática. Confira aqui como foram os debates e a participação de representantes das populações tradicionais do cerrado, da caatinga e da Zona Costeira.




A Oficina de Justiça Climática no Nordeste, realizada nos dias 25, 26 e 27 de agosto na Prainha do Canto Verde reuniu cerca de quarenta representantes do GT DTAT Direito à Terra, Água e Território formado pela Organização Intereclesiástica de Cooperação para o Desenvolvimento (ICCO) e por um grupo de 14 organizações no Brasil. A finalidade foi perceber como os impactos decorrentes das mudanças climáticas no mundo interferem nos territórios das populações tradicionais da Zona Costeira, Semi árido e Cerrado. 

A abertura promovida no Centro de Formação Frei Humberto do MST, contou com a participação de Jean Pierre Leroy, educador e ambientalista que falou sobre a discussão da crise climática no âmbito macro político e a dificuldade do debate chegar ao conhecimento das comunidades de forma efetiva. Ainda na abertura, o Fórum de Defesa da Zona Costeira do Ceará FDZCC apresentou a reformulação do Portal do Mar, construído de forma coletiva, com o propósito de servir como ferramenta de monitoramento e denúncia da violação de direitos vivida pelas populações da Zona Costeira.

A oficina continuou na Prainha do Canto Verde, a partir de uma roda de conversa com Marcelo Calazans, sociólogo e pesquisador da FASE (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional) que problematizou sobre as políticas de compensação ambiental debatidas pelas grandes conferências do clima. À tarde, os participantes formaram grupos de trabalhos abordando os biomas Zona Costeira, Caatinga e Cerrado. A proposta foi cada grupo relatar de que forma eles percebem as mudanças climáticas em sua região. 

A iniciativa de realização da Oficina possuiu caráter de formação. Por se tratar de um tema que impacta diretamente as populações tradicionais, mas que geralmente é apresentado por meio de uma linguagem inacessível, principalmente quando o assunto são as negociações travadas nas instâncias oficiais sobre as mudanças do clima. Todas/os puderam participar do processo de aprendizado desde a introdução até as questões mais complexas que envolvem as questões socioambientais sobre o clima mundial, fazendo um paralelo com realidade vivida em seus territórios. 

Os depoimentos dos participantes dos estados do Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Alagoas juntamente com o Ceará, evidenciaram como o Nordeste é uma região fortemente atingida pelos mecanismos de produção capitalista, apoiado no discurso da modernidade e tecnologia, se utiliza de práticas perversas para sua manutenção, desrespeitando assim o meio ambiente e os direitos dos povos tradicionais. 

No último dia, Raquel Rigotto, médica do Núcleo Tramas da Universidade Federal do Ceará - UFC sistematizou as experiências das comunidades, fazendo uma ponte entre o saber popular e o científico. Como encaminhamento da oficina, todos contribuíram para a elaboração do documento público: Carta do Canto Verde sobre Justiça Climática no Nordeste - Afirmação dos territórios das comunidades tradicionais como estratégia para enfrentamento à crise climática. 

O encerramento do encontro, como não podia deixar de ser, aconteceu ao som e dança de muita ciranda. 

 

Fonte: Terramar

13/08/2010

Resultado do Edital 2010 do Fundo Delegado do DTAT.

A criação de um fundo delegado no contexto do DTAT tem como base conceitual a volatilidade da conjuntura. Constatou-se que as possibilidades de incidência pública significativas surgem muitas vezes em função de contextos fora da governabilidade dos movimentos (vinculadas a processos do judiciário, no legislativo ou mesmo em disputas por acordos com o executivo). Estas oportunidades devem ser aproveitadas com agilidade, não sendo possível seu planejamento anual.

Para o ano de 2010, foram definidas as seguintes linhas de apoio:
  • incidência pública no tema direito a terra, água e território e "mudanças climáticas"
  • o fortalecimento da comunicação para advocacy dos integrantes do DTAT.
  • apoio à defesa em juízo de movimentos sociais e de defensores de direitos frente a processos de criminalização.
A seleção foi realizada pelo consultor Domingos Armani com base nos critérios acordados coletivamente. Foram aprovados seis projetos a serem implementados no período de setembro de 2010 a fevereiro de 2011:
  • CESE - "Curso de comunicação participativa para mobilização social e política" (R$  19.000,00)
  • GAJOP "Projeto de especialização e acréscimo de conteúdo do site monitoramento internacional em direitos humanos" (R$ 6.000,00)
  • CPI-SP "Oficina - mudanças climáticas e os direitos territoriais do povo Guarani" (R$ 19.000,00)
  • ISA "Assessoria Jurídica e Políticas Públicas para os Quilombolas do Vale do Ribeira" (R$ 19.000,00)
  • SMDH "Memórias de Luta" (R$ 19.000,00)
  • MST/PE "Terra, Dignidade e Cidadania: assessoria jurídica a defensores de direitos humanos na luta pelo direito à terra" (R$ 19.000,00).

10/06/2010

Garantia do direito ao território e mudanças climáticas: o caminho da mitigação


Bianca Pyl (assessoria de comunicação DTAT)

Apesar de serem uma das principais vítimas dos efeitos das mudanças climáticas, os povos indígenas e comunidades tradicionais são pouco lembrados na hora de debater o tema. Foi justamente pensando nisso, que o programa Direito a Terra, Água e Território (DTAT) – constituído pela a agência de cooperação holandesa ICCO e um grupo de 14 organizações no Brasil – realizou a oficina “Mudanças Climáticas e o Direito a Terra, Água e Território”, em São Paulo, entre os dias 7 e 9 de junho. Participaram dos debates cerca de 30 pessoas, entre líderes Guarani, integrantes de comunidades quilombolas, pescadores e pequenos agricultores vindos das regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste do Brasil.

 “A oficina teve como foco o fortalecimento do grupo para que possam influenciar na proposição de políticas públicas relacionadas à garantia do acesso ao território”, disse Augusto  Marcos Santiago, assessor de Projetos da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), uma das entidades que compõem o programa.

O modo de vida das comunidades tradicionais é referência no debate de mudanças climáticas porque elas já protegem o meio ambiente e não utilizam os recursos naturais de forma predatória. “Mudanças no clima é um tema que chama a atenção da sociedade para o papel das comunidades tradicionais na conservação dos recursos naturais, o que tem influência direta sobre o equilíbrio do clima
. Sua forma de manejo, associado ao conhecimento da biodiversidade garante utilizar os recursos naturais com baixa intensidade e alta diversidade. Conhecimento que nos habilita a participar da discussão”, contou Augusto.

Por isso a luta pelo território é comum a luta pela conservação. A mitigação dos efeitos das mudanças está totalmente ligada ao modo de vida tradicional, gera ativo, enquanto que modelos ditos modernos geram passivos e precisam converter a natureza para conseguir cultivar uma única cultura. “Embora nós não sejamos os responsáveis pelas mudanças na natureza, é graças as comunidades tradicionais é que ainda existe um restinho de mata, porque foi protegido por nós e não pelo governo, já que não existe uma política que consiga frear o problema”, opinou Vandir dos Santos, do Quilombo Porto Velho, no Vale do Ribeira (SP).

Maurício Paixão, do Centro de Cultura Negra do Maranhão, define o tema como novo, contudo as comunidades já agem em favor da preservação há muito tempo. “O nosso trabalho lá no Maranhão para garantir o direito ao território das comunidades de quilombo é para garantir o equilíbrio do clima, qualidade de vida para o país todo“, concluiu.

Segundo Vandir, a sua comunidade já tem seu planejamento e tem consciência que está fazendo a sua parte. “Nós plantamos árvore quando podemos, replantamos em áreas degradadas pelos fazendeiros quando conseguimos recursos. Não temos conhecimento científico, mas o nosso modo de vida, a experiência dos nossos antepassados nos ajuda a traçar nossa meta de preservação, que a curto prazo é recuperar as áreas prejudicadas”, relatou.

Os participantes puderam discutir as causas das mudanças climáticas, já que as consequências muitos deles já sentem no cotidiano em suas regiões. “Na minha comunidade e em todas as outras que eu conheço, já sentimos as diferenças no clima. Por exemplo, a chuva que você espera que viria em agosto não vem mais, às vezes vem em junho ou dezembro. Os rios não têm mais nem 50% da água que tinham e isso nos entendemos que é consequência direta das mudanças”, exemplificou Vandir.

José Alberto de Lima Ribeiro, do Movimento Nacional de Pescadores (CE), relatou o fato de a comunidade onde mora, em Beberibe (CE) ter perdido cerca de 20% do território por causa do avanço do mar. “No litoral brasileiro o avanço do mar é  um problema concreto. Nossa área diminuiu 149 hectares em dez anos. O mar avançou”, relatou.

Para Beto Pescador, como é conhecido, é a hora de a sociedade civil tomar decisões,  levando em conta que as causas para o problema não está relacionado ao modo de vida das comunidades. “Se todos emitissem gases como os povos tradicionais, o contexto seria diferente. Não dá para colocar todos no mesmo nível. Nós dizemos há muitos anos que esse modelo de desenvolvimento é insustentável. E apesar de tudo seremos nós os que mais sofrerão, as grandes empresas não estão sofrendo nada. Mas nós na beira dos rios e dos mares estamos sofrendo diretamente”, disse.

O aumento da temperatura está relacionado com a emissão de gases por meio da queima de combustíveis, resposnáveis por 80% das emissões no mundo e 23% no Brasil, e também por causa do desmatamento, que somam 75% das emissões brasileiras e 20% mundiais, explicou Márcio Santilli, um dos coordenadores do ISA, uma das entidades do programa DTAT, durante o painel “Mudanças climáticas: causas e consequências”. “Reverter esta tendência implica em mudar a forma de produzir, substituir o uso do combustível, fazer uma revolução desde as grandes indústrias até os consumidores ou comunidades. Os povos que não causaram o problema, mas atualmente também estão implicados nisso”, explica.

Para Maurício Paixão, do Centro de Cultura Negra do Maranhão, esse é o principal desafio: fazer com que as comunidades percebam que o que acontece em outros estados, no meio urbano acaba afetando direta ou indiretamente a vida deles. “Na região do Baixo Parnaíba (MA) os antigos contam que o volume do rio diminuiu, as pessoas reclamam de doenças de pele por causa do calor, até as arvores frutíferas tem um sabor diferente”, relatou.

“O impacto será para todos, mas sem dúvidas os pobres sofrerão mais”, alertou Irmã Delci Franzen, assessora da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, uma das convidadas do mesmo painel. Várias áreas serão impactadas e precisarão de investimentos para as populações conseguirem se adaptar. São os chamados “refugiados do clima”, populações que migram de seus locais de origem por conta de mudanças no clima, como severas secas. “Estima-se que haverá até o fim do século 150 milhões de refugiados climáticos. Precisamos de mudanças concretas o modelo econômico atual, que está ligado à degradação do meio ambiente. É necessária uma resposta coordenada, a sociedade civil e as religiões tem um papel fundamental nisso”, contou Delci. Os povos tradicionais tem uma responsabilidade grande no sentido de trazer saberes milenares para este contexto de crise e isso implica em uma postura política, na opinião de Delci. “A luta social e a climática é uma só”.

A preocupação com os outros biomas também este presente na Oficina. José Ribamar, agricultor e membro do Centro de Defesa e Promoção da Cidadania de Santa Quitéria (Maranhão) lembrou que “enquanto todos só olham para a Amazônia, as empresas estão migrando para outros biomas e desmatando e estes biomas nem tem espaços nas discussões de mudanças climáticas”.

Políticas climáticas
O Brasil estipulou na Conferência do Clima em Copenhague que iria diminuir entre 36 a 38% das emissões de gás carbono até 2020. Contudo, a sociedade civil não sabe como o governo chegou a esse número. “Não houve transparência no processo de elaboração do Plano Nacional de Mudanças Climáticas”, disse Guarany Osório um dos participantes do debate “Políticas Climáticas no Brasil”.

 A Legislação Nacional de Mudanças Climáticas tem um vínculo com o debate internacional. O Brasil desenvolveu o Plano Nacional de Mudanças Climáticas em 2008 antes mesmo de implementar a Política Nacional de Mudanças Climáticas e o Fundo Nacional de Mudanças Climáticas (elaborados em 2009). “Para se traçar uma meta é preciso ter um inventário de emissões, mas ainda não temos. É necessário esclarecer muita coisa. O governo restringiu a participação da sociedade à consulta de planilhas em sites oficiais. O processo precisa ser participativo e não consultivo”, cobrou Guarany.

Adaptação e compensações
 O foco deve ser as ações de adaptação com base em percepções do cotidiano. “E nisso os maiores especialistas são as comunidades tradicionais, que convivem com a natureza de forma intensa. É urgente a necessidade de trabalhar com adaptação e evitar a tendência de subestimar os problemas atuais e superestimar os problemas futuros”, apontou Glauco Kimura de Freitas, especialista em Recursos Hídricos da Organização Não-Governamental (ONG) WWF-Brasil, participante do painel “Impactos das mudanças climáticas para as comunidades locais e os desafios de adaptação”.

Para Marcelo Calazans, coordenador da FASE (ES), a política de compensações, como o Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD), é uma falsa solução para o problema.  “Pode encher os biomas de REDD que não irá solucionar os problemas do clima. Se por um lado a empresa banca REDD aqui na Amazônia por outro continua a emitir na Europa. Vai se manter o mesmo padrão de consumo e desenvolvimento. As soluções para o clima não podem manter a mesma lógica de consumo. O problema é que o acesso ao debate é muito difícil, as siglas, os contratos são em inglês, o linguajar técnico”.

Rubens Gomes, presidente do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), pondera que a questão está posta e que as comunidades precisam se capacitar para participar e influenciar o debate. “Essa pode ser uma oportunidade de garantir territórios, a regularização fundiária, o acesso a assistência técnica e crédito.” O GTA criou o Observatório do REDD para que as comunidades tenham mais controle em relação aos processos.

Daniel Souza, um dos coordenadores da Malungu Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará (PA) outra organização do DTAT, disse que há muita desconfiança por parte das comunidades em relação ao REDD. “Nós precisamos conversar muito ainda, saber direitinho para não sermos passados para trás. Temos que deixar bem claro o que queremos e usar nosso conhecimento”, relatou.

Luís Moura, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), uma das organizações do DTAT, se mostrou preocupado com o tom econômico do debate em torno do REDD. “Até que ponto o debate catastrófico não vem para legitimar um atropelamento da construção de uma política de compensações de fato soberana das comunidades. É o que eu acho que acontece com o REDD, que veio forte atropelando, como algo imposto de fora para as comunidades”, ponderou

Um dos principais problemas dos mecanismos de compensações, na opinião de Marcelo Calazans, é justamente o fato de ao bancar um projeto de REDD, as empresas ganham a permissão para continuar a emitir carbono em seu país. “A solução é reduzir as emissões já que os efeitos são globais, não adianta se a multinacional continua emitindo lá na Europa”.

“A opinião da via-campesina é que não existe compensação, não há como compensar, os países que poluem tem que diminuir suas emissões, há uma divida ecológica muito grande desses países e eles devem se responsabilizar por isso”, opinou Luís.

Avaliações

“Não me sinto mais sozinho na luta, agora entendo o processo e a luta é mais ampla do que eu pensava”, disse José Carlos Nascimento, do município de Acará (PA), Comunidade Quilombo Guajará, coordenador da Malungu (PA). De acordo com José Carlos foi possível perceber que cada setor trata da questão de uma forma, voltada para seus interesses. “As comunidades que agora já vivem as consequência a visão é de proteger ainda mais os territórios. Por isso vamos levar o que foi discutido para as comunidades com exemplos práticos”. 

“Esta oficina nos proporcionou conhecimento para dialogar com os políticos da nossa região, foram dois dias que nos trouxeram muitos elementos para podermos debater nas comunidades e fora delas”, avaliou Maurício Paixão, do Centro de Cultura Negra do Maranhão. Para Nilo Rodrigues, líder Guarani do Paraná, as mudanças já são percebidas no dia-a-dia das populações indígenas, “agora é colocar o que foi aprendido em prática e repassar aos demais companheiros de luta”, disse Nilo.

Para Kátia Santos Penha, do Quilombo Divino Espírito Santo (ES) a oficina organizou as informações em relação ao tema. “Agora ficou mais claro para falar com meus companheiros na base, o tema em si não é novo, mas as siglas e linguagem sim. Mas nós vamos aprender e nos organizar para lutar por nossos territórios”, contou.

Para os participantes se aprimorarem ainda mais em relação ao tema, o programa Direito a Terra, Água e Território (DTAT) realizará, em agosto, o seminário “Defesa do Território das populações tradicionais como estratégia de enfrentamento das mudanças climáticas”, na Comunidade da Prainha do Canto Verde (CE).  O pescador Beto enfatizou o objetivo do programa : “ou garantimos o nosso território, com terra, água, recursos naturais ou teremos muitas dificuldades, esse deve ser  a nosso direção”.

26/05/2010

Iniciada a Avaliação Externa do DTAT

Em maio, teve início o processo de avaliação externa do DTAT com a definição do termo de referência e contratação do consultor Luciano Padrão.

A avaliação tem por objetivos analisar
  • O processo de estruturação e desenvolvimento do Programa DTAT no contexto das transformações ocorridas na estrutura da ICCO;
  • A estrutura e forma atual de funcionamento do programa, enfocando, entre outros, o grau de participação e co-responsabilidade dos parceiros e da ICCO na execução do DTAT;
  • Os resultados alcançados pelo DTAT;
  • O grau de apropriação dos participantes das novas metodologias propostas pelo enfoque programático.
  • A avaliação dos parceiros e da ICCO sobre o DTAT.

Deverá também evidenciar as expectativas dos parceiros e da ICCO com relação à continuidade do DTAT e sugerir aperfeiçoamentos com vistas à continuidade do programa.

A primeira versão do relatório de avaliação estará concluída em outubro.